Ainda considerado predominantemente masculino, o setor de energia solar fotovoltaica tem caminhado, aos poucos, para alcançar a equidade de gênero. Hoje, são mais de 1,72 milhão de mulheres na energia solar.
Um novo relatório da Irena (Agência Internacional de Energia Renovável), apresentado recentemente durante a 8ª Conferência Mundial sobre Conversão de Energia Fotovoltaica, em Milão (Itália), trouxe mais detalhes sobre o assunto.
Segundo a pesquisa global, a indústria de energia solar fotovoltaica empregou, em 2021, cerca de 4,3 milhões de pessoas em todo o mundo, o que corresponde a um terço das vagas de emprego geradas por todas as fontes de energia renovável. A proporção de mulheres que trabalham em tempo integral nesse segmento foi de, aproximadamente, 40%.
“Uma transição energética justa e inclusiva não se trata apenas de acesso à energia. Trata-se de garantir que todos estejam incluídos e se beneficiem do processo”, diz Francesco La Camera, diretor-geral da Irena.
Na sequência, analisamos a importância desse percentual para um sistema de energia inclusivo e, consequentemente, a construção de uma economia mais resiliente e sustentável. Continue a leitura!
Mulheres na energia solar
Embora a fatia de mão-de-obra feminina não seja totalmente igualitária, representa quase o dobro dos setores de energia eólica (21%) e de petróleo e gás (22%).
Quando consideramos todas as vertentes da energia renovável, a força de trabalho delas correspondem a 32% – número também abaixo do relativo à energia solar, de maneira isolada.
“É uma grande conquista para nós. Mas precisamos continuar não só proporcionando empregos às mulheres na energia solar, como também incentivando a participação delas em funções estratégicas e dando condições para que isso ocorra cada vez mais”, opina Náchila Santos, uma das sócias-fundadoras da EcoPower Energia Solar.
Desafios para a equidade de gênero
Ainda conforme os dados do relatório da Irena, a maioria das mulheres que trabalha na energia solar ocupa cargos administrativos (58%). Em seguida, aparecem os cargos técnicos não STEM – isto é, não ligados a Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática –, outros cargos não técnicos e, por último, os cargos STEM – ligados às áreas que acabamos de citar.
Além disso, a representatividade feminina em posições que exigem tomada de decisão é pequena. Elas ocupam apenas 30% dos cargos gerenciais em geral. Se considerarmos somente as posições de gestão sênior, essa taxa é ainda menor: 17%.
Na opinião de Náchila, o cenário atual só vai melhorar com o empoderamento econômico das mulheres e de outros grupos minoritários, como os idosos, os refugiados, os negros, as comunidades indígenas e os integrantes da comunidade LGBTQIA+.
“Infelizmente, nossa sociedade ainda é focada em uma cultura machista, patriarcal. Precisamos enfrentar as barreiras de gênero, por meio da conscientização das pessoas sobre a importância da diversidade, da melhoraria de políticas públicas e privadas do setor e da oferta de mais oportunidades de treinamento e networking”, destaca ela.
Mulheres na EcoPower
A EcoPower Energia Solar reconhece e valoriza a importância das mulheres na energia solar. Não é à toa que Náchila comanda os cerca de 1 mil colaboradores diretos e indiretos da franqueadora de Barretos (SP) – entre os quais, 136 mulheres.
Ela também incentiva as empreendedoras a adquirirem unidades da rede de franquias de geração de energia solar fotovoltaica em todo o Brasil. Atualmente, 59 mulheres são donas do próprio negócio, com a marca EcoPower.
“Vale dizer que não queremos ser mais importantes do que os homens, apenas ter os mesmos direitos e deveres deles na sociedade. Noto que a transição energética para fontes renováveis tem atraído cada vez mais talentos femininos. Nesse sentido, acredito que estamos no caminho certo”, afirma a sócia-diretora da empresa.
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